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Vivendo e Aprendendo

Vivendo e Aprendendo (Smart People) - 2008. Dirigido por Noam Murro. Escrito por Mark Poirier. Direção de Fotografia de Toby Irwin. Música Original de Nuno Bettencourt. Produzido por Michael Costigan, Bridget Johnson, Michael London e Bruna Papandrea. Miramax Films e Groundswell Productions / USA.


Eu sou um fã confesso do cinema indie americano e gosto muito das produções simplicistas e despretensiosas, nas quais ele aparenta ter se especializado, mas, ao contrário do que alguns cineastas pensam, não basta um drama leve, com ares de comédia de costume, e personagens desajustados para se fazer um bom filme neste estilo. Acreditar nisso parece ter sido o maior erro do diretor israelense radicado nos Estados Unidos Noam Murro, Vivendo e Aprendendo (2008), seu primeiro longa metragem, não é um filme ruim, ele é apenas tão desajustado quanto seus personagens. Falta nele uma melhor condução dramática e uma sutileza maior no trato com o desenvolvimento da história (abordarei melhor cada um destes pequenos problemas mais adiante), todavia, se ele peca em alguns aspectos, que são em sua maior parte técnicos, em outros ele até nos surpreende positivamente, dentre estes estão as atuações e a abordagem daquele que seria seu tema central, a carência de inteligência emocional.

A trama gira em torno de uma família desfuncional, composta por um pai, Lawrence Wetherhold (Dennis Quaid) e dois filhos, Vanessa (Ellen Page) e James (Ashton Holmes). Apesar de viverem debaixo de um mesmo teto, estes personagens estão afetivamente bem distantes um do outro. Lawrence, que não conseguiu superar a morte da esposa, se tornou um homem arredio e melancólico, ele, que é professor universitário, também se sente frustrado e injustiçado por ter um livro que escreveu recusado por diversos editores. Como era de se esperar o comportamento dele acaba afetando também o dos seus filhos. Vanessa é quase um espelho do pai, ela, crente de que é mais inteligente e esforçada que todos à sua volta, prefere se refugiar nos estudos do que se relacionar com seus colegas de escola e com seus familiares. Já James prefere curtir os prazeres da vida o mais longe possível de casa. 


Uma oportunidade da família se reaproximar surge quando Lawrence sofre um acidente e se vê impedido de dirigir por alguns meses, neste meio tempo seu irmão adotivo, Chuck (Thomas Haden Church), reaparecera em busca de ajuda financeira. Mesmo sabendo que Chuck não é confiável, Lawrence aceita lhe dar abrigo em troca de seus serviços (mal prestados, diga-se de passagem) de motorista. 

No hospital, Lawrence reencontrou Janet Hartigan (Sarah Jessica Parker), uma ex-aluna que nutrira uma paixão platônica por ele na época da faculdade e que hoje é médica. Revê-la o faz vislumbrar a possibilidade de recomeçar a vida, porém para isso ele precisará vencer diversos obstáculos, sendo que a maioria destes ele mesmo colocou em seu próprio caminho. 

Chuck e Janet apresentam uma nova visão de mundo para o professor e sua filha, Lawrence e Vanessa são levados a repensar suas próprias vidas e os malefícios resultantes da reclusão que eles se autoimpuseram.


Tanto o pai quanto a filha são muito inteligentes, porém ambos carecem de inteligência emocional, aquela que nos permite responder da melhor forma possível aos estímulos positivos e negativos que a vida nos impõe. Diversas cenas do filme mostram o quão desestruturada é a forma com que ambos reagem quando se veem diante de situações inesperadas e de adversidades. O filme trabalha muito bem esta temática, é legal ver o processo de auto descoberta e de abertura pelo qual os personagens passam e isso torna a história muito interessante. 

A trama nos leva a fazer o seguinte questionamento: Até que ponto o ar de superioridade que adotamos em determinadas situações não é tão somente medo de nos despirmos psicologicamente diante dos outros e de mostrar com isso que somos tão vulneráveis quanto qualquer um. No filme os personagens se refugiam por de trás de seus intelectos e nós, temos nos refugiado por detrás de que? 


Mesmo em meio a atores experientes, quem mais se destaca é a Ellen Page, ela está muito bem e seu desempenho comprovou mais uma vez aquilo que eu já venho dizendo a bastante tempo, ela é uma excelente atriz, que, se continuar fazendo as escolhas certas, trilhará uma carreira digna de todo o respeito. Dennis Quaid, Thomas Haden Church e Sarah Jessica Parker também estão bem, eles dão credibilidade e consistência aos seus respectivos personagens.

Penso que o grande problema do filme está na montagem, ela confere a ele um ritmo que não condiz com a sutileza da história contada; aparentemente não há um cuidado com a transição de uma sequência para outra e isso passa em alguns momentos a sensação de que os acontecimentos estão se atropelando, o que prejudica a percepção de que os personagens estão sendo transformados pouco a pouco.


Mesmo com os problemas na montagem e na narrativaVivendo e Aprendendo merece ser conferido. Evidentemente não é o tipo de produção que agradará a todos, afinal o grande público geralmente não gosta de ver retratado na tela o drama de pessoas normais, nem da ausência de glamour e de heroísmo, mas para quem, como eu, curte este tipo de história certamente o saldo final será positivo... 


Assistam ao trailer deVivendo e Aprendendo no You Tube, clique AQUI !

A revelação das passagens aqui comentadas não compromete a apreciação da obra,

Postagem dedicada à amiga Joyce Pretah, que me indicou o filme!

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